domingo, 18 de setembro de 2016

Inter vs SL Benfica ou a invasão das invasões


Na época da minha estreia em deslocações europeias, acabei por regressar alguns meses depois a Itália. Depois do Olímpico de Roma, seguiu-se o Giuseppe Meazza.
A preparação da viagem acabou por não ter muito que saber: o grupo ao qual pertenço ia de charter e portanto por uma vez a logística acabou por ficar para outros, e antes do dia da viagem pouco houve a fazer.
Ainda o sol não tinha nascido quando fui à boleia do meu Pai para o aeroporto, aproveitando para dar boleia ao M. que morava bem perto de mim na altura.
Chegado ao aeroporto a azáfama habitual, malta preparada para o frio alpino que nos esperava na capital da moda. Até que de repente chegam dois amigos de calções e tshirt. Perguntávamos-lhes como podiam eles ir assim para Milão ? A resposta era fácil: não iam! Estavam ali porque iam para a viagem de finalistas no Brasil. Mas ainda deu um bom momento de paródia
Entretanto resolvida toda a burocracia aeroportuária, lá embarcámos e seguimos para Milan Malpensa. Tudo calmo excepto para o Y. que estava um tanto ao quanto nervoso no avião e que até acabou por resolver voltar de carrinha tal era o seu receio dos ares. Mas lá chegaremos…



Aterrados em terras transalpinas, seguiu-se a viagem de autocarro para Milão com a bela imagem das montanhas cheias de neve ao longe, e até ao Castello Sforesco no centro de Milão, onde os autocarros ficaram estacionados.
Saídos daí o programa estava estabelecido: íamos até à principal Praça da cidade ver o Duomo, espreitar as galerias Vittorio Emanuele, depois íamos à loja da Coolness e finalmente à sede da Alternativa Rossonera para tentarmos arranjar algum material.
Assim dito, assim feito: umas duas centenas de metros até à praça do Duomo e, a catedral estava tapada por andaimes. Primeiro KO do dia. Fomos então espreitar as galerias Vittorio Emanuele que são coladas à praça. Mas só mesmo espreitar, porque comprar algo ali estava fora de questão.
Começámos então a nossa caminhada rumo à Coolness: pouco menos de 4 km, A loja era interessante, mas eu pelo menos acabei por não trazer nada pois não eram os preços mais acessíveis. Seguimos então rumo à sede da Alternativa Rossonera onde, aí sim, contava comprar alguma coisa: andámos, andámos, andámos, andámos e andámos. Muito. Até que chegámos ao local indicado: um café onde nos informara, que os rapazes só se reuniriam, na melhor das hipóteses, à noite. Uma viagem muito proveitosa, como se viu! E pior! Tudo o que andámos, tínhamos de andar de volta… E lá caminhámos de volta para o Castello Sforesco onde nos esperavam os autocarros que nos levariam para o Giuseppe Meazza.
Lá chegados, a primeira nota: o estádio é, efectivamente, imponente e as colunas que compoem as escadas de acesso aos anéis superiores são magníficas. Enquanto um amigo ia ao lado nerrazurri tentar arranjar, com sucesso, uns cachecois, fomos entrando. Por dentro o estádio era igualmente imponente, mas o ar de gaiola retirava-lhe (muita) beleza.



O primeiro anel da Sud foi-se compondo tal era o mar de Benfiquistas presentes que até os Carabinieri estavam impressionados. Foi mesmo muita, muita gente do Benfica. Do outro lado, os Ultras Nerrazurri estavam em protesto tendo-se mantido em silêncio muito tempo (Parece uma sina das Tours Italianas: aconteceu em Florença, em Roma, em Milão...). A determinada altura, um bombardeamento de petardos: parecia o faroeste.



O Benfica entrou Sem Medo e começou a ganhar com um golaço de Nuno Gomes, tendo ainda atirado uma bola ao poste na primeira parte, novamente pelo Nuno, e com o Armando a fazer uma exibição inacreditável a lateral esquerdo. Um golo perto do intervalo após uma jogada Maradoniana daquele que viria a tornar-se o nosso Zorba Grego uns anos mais tarde, Karagounis, refreou os ânimos, tendo o Inter dado a volta na segunda parte mas com o Benfica sempre na luta, com belos golos, mas que acabou por sair derrotado por 4-3, e sendo assim eliminado. No final os jogadores agradeceram à fantástica massa adepta o tremendo apoio. Mas tinha sabido mesmo a pouco. Podíamos, e devíamos, ter seguido em frente. E a agressão de Toldo nos minutos finais ficará sempre como uma espinha encravada na nossa garganta. Golaços, personalidade e grandes exibições: O Benfica começava a voltar à Europa, mas ainda revelava inexperiência. Nas bancadas... bem, nas bancadas era a réplica daquilo que o feiticeiro húngaro, Bella Gutmann, descrevia como a mística do Benfica: “Chove? Faz Frio? Faz Calor? Que Importa, nem que o jogo seja no fim do mundo, entre as neves das serras ou no meio das chamas do inferno… Por terra… Por mar… Ou pelo ar, eles aí vão, os adeptos do Benfica atrás da equipa… Grande… Incomparável… Extraordinária… massa associativa!”. É esta massa que sempre foi e sempre será o maior activo do clube que Lisboa viu nascer, e o Mundo viu crescer.




Era então tempo de regressar aos autocarros e seguir para o aeroporto onde acabámos por nos cruzar com o plantel, mas também onde o nosso voo atrasaria algumas horas, tendo nós apenas aterrado em Lisboa já perto do nascer do sol. Tinham sido 24 horas (quase) à Benfica, extremamente intensas com histórias para recordar e muito cansaço acumulado. Mas tinham sido tambem 24 horas inesquecíveis e que valem sempre a pena. Porque o jogo são 90 minutos, mas as histórias são eternas.
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P.S. No início falei dum episódio no qual disse “Mas lá chegaremos…”. Pois, eis-nos chegados: o amigo em questão voltou com uma malta que tinha ido de carrinha. A carrinha ainda não tinha saído de Milão no regresso, e teve um acidente. Apesar do susto e dos hematomas, todos ficaram bem. Ficou a história apenas. Felizmente.



BENFICA I WILL FOLLOW!!!

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