sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Juventus - Benfica: Lição de tudo!



Depois de na época anterior o Benfica ter sido finalista vencido da Liga Europa, estávamos novamente nas meias finais da competição. O adversário era a Juventus, o mais dificil que poderia haver. A Juventus seria tambem o detentor do estádio onde se diputaria a final, e era o clube do coração de Platini, o presidente da UEFA. Tudo dificuldades portanto. Mas mais uma vez o Benfica mostraria a fibra de que é feito e sempre o acompanhou ao longo da sua Gloriosa História.
Depois de uma primeira mão onde, uma vitória à tangente por 2-1 deixava esperançosos os adeptos, e num jogo em que uma frase a honrar o Grande Torino, apesar de contestada internamente, teve um tremendo impacto em Portugal, Itália e em toda a Europa, a ida a Turin prometia.

Com tudo organizado, partimos dia 30 de Abril de 2014 rumo a Marselha. Chegados a Marselha
levantámos os nossos dois carros e seguimos via Côte d’Azur. Após uma breve paragem entre Cannes e Nice, e uma passagem junto ao novo Allianz Riviera, chegámos a Monte Carlo para ver o por do sol. E não só…
No fim de semana que se seguia, teria lugar o Grande Prémio de Monte Carlo, o que fez com que toda a pista tivesse já montada, sem qualquer impedimento ao trânsito. A sensação foi fabulosa, foi reviver inúmeros domingos à tarde, mas desta vez ao volante! Fantástico! Primeira imagem a ficar para sempre!




Após esta incrível sensação foi tempo de arrepiarmos caminho pois ainda tínhamos muita estrada para percorrer até chegarmos a Turin.
A chegada deu-se já noite dentro, mas a tempo de deixar as coisas no hotel (o qual estava lotado) e ainda ir dar uma volta pela cidade para tomar um copo enquanto alguns ficavam a dormir. Ficou combinado acordar cedo, tomar o pequeno almoço e seguir para Superga onde prestaríamos a nossa homenagem.



Assim foi, e logo pela manhã fomos a Superga. A partir deste momento, todo e qualquer adjectivo a definir o quão fantástico foi o que sentimos não será exagerado. Este dia, 1 de Maio de 2014, será sempre um dos mais memoráveis da minha vida, porque resume em menos de 24 horas tudo o que aprendi e sonhei que fosse o futebol ao longo da minha vida.
Chegados ao parque de estacionamento junto à Basílica, parámos os carros e saímos. Aproveitando o feriado, havia uma tremenda peregrinação a Superga. Inúmeros adeptos do Toro abordaram-nos assim que percebiam que éramos do Benfica e repetiam constantemente uma palavra: “Obrigado”. Ainda em frente à Basílica pediram-nos para tirar algumas fotos connosco. 
Dirigimo-nos então à parte de trás da Basílica, onde se encontra o memorial. Lá chegados prestámos a nossa homenagem e vi das imagens mais marcantes de que me recordo em muitas viagens atrás do Benfica: um Senhor, já com uma certa idade, além de entregar a um de nós o seu cachecol do Toro, cumprimentou-nos com uma tremenda vénia que a mim me deixou totalmente sem palavras. Para se ter uma noção, o momento em questão traz-me à cabeça o cumprimento de Cesare Maldini a Mário Esteves Coluna. É com essa reverência que o Benfica é tratado em Turin, pelos adeptos do clube que perdeu a sua melhor equipa da história quando veio homenagear Francisco Ferreira.


Voltámos posteriormente para os carros e encaminhámo-nos para o bar Sweet, a casa dos Ultras Granata em frente ao Estádio Filadefia. Lá chegados, oferecemos um quadro com a foto da frase mostrada na Luz, no jogo da primeira mão. Os mesmos mostravam-se entusiasmados com a hipótese do Benfica eliminar o seu maior rival. De seguida, após nos mostrarem as suas instalações, abriram-nos as portas do Estádio Filadelfia onde ainda tirámos umas quantas fotos antes de seguiremos para o almoço. Um almoço animado, com alguns deles, onde se ouviam cânticos pró-Benfica, anti-juve e pró Toro, o qual acabou bem regado com copos de Amaro para começar a afinar as gargantas. 



Após o regado almoço, seguimos para a principal avenida da cidade onde passámos a tarde num pub repleto de adeptos do Toro que festejava a passagem de qualquer pessoa do Benfica. Ao lado deste pub encontrava-se uma interessante livraria, que infelizmente estava fechada por ser feriado.
No Pub, e na avenida, continuava a festa e o optimismo ia crescendo ao longo da tarde. Moment
os de tensão, apenas um, quando passou um carro com adereços da Juventus, momento esse que levou à intervenção da Digos. Após esse momento, o bom ambiente continuou e a meio da tarde iniciamos o nosso cortejo ao longo da avenida, rumo ao Meeting Point onde os autocarros municipais nos levariam para o Juventus Stadium. Junto aos autocarros, mais um incidente que não impediu, no entanto, ninguém de seguir rumo ao Estadio.

Chegados à envolvente, após atravessar uma cidade que gritava e gesticulava incentivando o Sport Lisboa e Benfica, qualquer pessoa concluía: os Granata não queriam só que a Juventus perdesse. Eles queriam também que o Benfica ganhasse. Pode parecer a mesma coisa, mas não é…
Após uma breve incursão às roulottes em frente ao estádio, encontrei o responsável pelo Museu do
Grande Torino. Uma bela conversa ajudou a disfarçar a ansiedade que sentia. Já só queria entrar. Já só queria ganhar…

Ainda antes de se iniciar o aquecimento da equipa entrei. Entrei no estádio, soube o onze e senti que íamos passar. E passámos! Um heróico 0-0 a acabar o jogo com 9 mas que me fez sofrer como poucas vezes na vida, tendo inclusivamente saído das bancadas durante uns minutos tal era o meu nível de ansiedade. Após o final ? Bem, assim que foi o apito final, com defesas fantásticas, cortes maravilhosos, arbitragem medíocre e festival a adeptos gobbos depois, desatei a chorar. A chorar muito! Um tremendo choro de felicidade de ter acompanhado toda a campanha europeia nessa época e saber que ia terminar na final, no sítio onde só chegam os melhores! E nós estávamos lá! Comecei desde logo a pensar em marcar a viagem, mas problemas com o cartão não mo permitiram, mas acreditei que conseguiria ainda tratar disso em Lisboa, o que felizmente veio a confirmar-se!


Após o final do jogo e da tremenda festa ainda no estádio, dirigimo-nos aos mesmos autocarros que nos levaram ao meeting point, donde caminhámos para os carros já debaixo dum diluvio. Não havia dúvidas, também São Pedro já chorava de alegria! 
Dirigimo-nos para o Sweet, onde fomos recebidos em autêntica festa e onde convivemos um pouco, com promessa de regresso daí a 15 dias, antes de regressar ao hotel onde adormecer ao som de L’Italiano do Toto Cutugno será sempre algo que recordarei.
Na manhã seguinte, à descida para o pequeno almoço percebemos que o hotel estava cheio de adeptos eliminados na véspera. Na nossa viagem de elevador, o Y. encarregou-se de cumprimentar um com pompa e circustância, enquanto no restaurante encontrámos mais uns quantos. Todos com cara de maus amigos. Eles não estavam à espera, de todo, do que aconteceu. A festa estava preparada, tudo queria que a Juve chegasse à final mas não aconteceu. O Grande Benfica não deixou. O desespero chegou ao ponto de no túnel do balneário terem ficado histórias por contar 
Tomado que estava o pequeno almoço era hora de nos fazermos novamente à estrada. Um caminho diferente, com um túnel extremamente caro, levou-nos até ao aeroporto de Marselha, mas desta vez por Grenoble, onde ainda passámos junto ao Stade des Alpes, e com chuva constante. 



Chegámos a Marselha, onde embarcámos rumo a Lisboa. Estávamos felizes. Estávamos muito felizes.

E eu tinha ido ao paraíso vivendo um dia que nunca terei palavras para descrever, nem com tão longa crónica como esta. Falo carinhosamente deste dia como a nossa final. E que a ganhámos.

O Benfica é isto. O Benfica será sempre isto!



1904

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